A oncologia encerra o ano com descobertas relevantes e projeções otimistas para os próximos anos, impulsionadas por novas tecnologias, medicamentos e estratégias de cuidado. Entre os principais avanços do ano está o Elinzanetant, medicamento não hormonal que apresentou resultados positivos na redução de sintomas da menopausa induzida pelo tratamento do câncer de mama, com expectativa de aprovação pela Anvisa nos próximos meses. Ainda sobre essa neoplasia, outro marco foi a atualização dos protocolos de mamografia pelo Ministério da Saúde. Pela primeira vez, mulheres de 40 a 49 anos passaram a ter acesso ao exame sob demanda no SUS. 

 

“Medidas como essa merecem ser celebradas. Estamos falando de avanços que proporcionam mais qualidade de vida às pacientes e ampliam o acesso à exames essenciais, o que impacta diretamente nas chances de diagnóstico precoce e cura”, afirma o oncologista Carlos Fruet. 

 

O cuidado com a saúde masculina também evoluiu. Para os casos de câncer de próstata, houve ampliação do acesso à cirurgia robótica, aprimoramento das técnicas de radioterapia e desenvolvimento de novos medicamentos. “Tudo isto vai contribuir para prolongar o tempo e a qualidade de vida dos pacientes, inclusive daqueles com doença avançada”, continua o médico.

 

A ciência reforçou ainda o papel do estilo de vida no combate à recidiva de neoplasias. Estudos internacionais publicados na revista New England Journal of Medicine, e apresentados durante a conferência anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), mostraram que exercícios físicos reduzem significativamente o risco de retorno do câncer de intestino e aumentam a sobrevida de pacientes após o tratamento. “Esses estudos comprovam e reforçam um discurso que temos usado, de que o cuidado preventivo e os bons hábitos são fundamentais tanto na prevenção quanto no sucesso dos tratamentos aplicados. Nesse contexto, o exercício físico deve ser prescrito com a mesma seriedade de um medicamento”, explica Carlos Fruet. 

 

Perspectivas para 2026

Para o próximo ano, as projeções são animadoras. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) planeja ampliar o acesso à terapia celular CAR-T no Brasil, com oferta tanto para o SUS quanto para a rede privada. O tratamento usa as próprias células de defesa do paciente para combater determinados tipos de câncer. Paralelamente, a Anvisa acompanha outro CAR-T nacional desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com o Hemocentro de Ribeirão Preto e a Universidade de São Paulo (USP), que deve avançar rumo ao registro no segundo semestre de 2026. 

 

“A chegada e a ampliação dessa tecnologia representam um avanço significativo na imunoterapia. É uma expectativa real de ampliar alternativas para pacientes com cânceres hematológicos e, futuramente, para estudos voltados a tumores sólidos”, explica o médico.

 

A inteligência artificial também deve ganhar mais espaço no diagnóstico, especialmente na análise de exames médicos e na interpretação de dados clínicos. A expectativa é que essa tecnologia contribua para diagnósticos mais rápidos e reduza a necessidade de procedimentos invasivos, atuando como apoio do especialista e não como substituto.

 

Para o oncologista Carlos Fruet, os avanços recentes mostram que a área segue em transformação acelerada. “A oncologia vive um momento de evolução contínua. O ano de 2025 foi importante e esperamos que em 2026 sejam apresentados novos estudos em relação à prevenção, diagnóstico e tratamentos que aumentem a chance de cura e melhorem a qualidade de vida e a sobrevida dos nossos pacientes”, avalia.